‘O FIM DA LIBIDO’. Este é o tema principal de Roger Brunetto nesta semana. É mais uma crônica do colunista

O FIM DA LIBIDO

Ela tinha consciência de sua beleza, porém desconhecia sua limitada inteligência. Era bancada por abastados. Mantinha a forma para agradá-los em seus desejos mais libidinosos. Aceitava a brutalidade como um beijo. Acostumara-se. O que valia era o dinheiro e os mimos. Para ela, ambição e excitação eram sinônimos. A libido era estimulada com o que poderia adquirir com os ganhos dos amantes e programas.

Pose para posses e posses para poses em colunas sociais que a habilitavam a participar em reuniões de madames assistencialistas que a condenavam, mas, algumas, reservadas as devidas proporções, às escondidas, faziam pior quando traiam seus maridos.

Desapontada ficava quando o flerte com um bon vivant não vingava. Mas a decepção era momentânea. Sabia que para conseguir mais um amante era questão de tempo. De mais alguns olhares maliciosos. Escolhia a dedo com quem queria mostrar suas “habilidades”.

Num calor atípico para aquele inverno, num hotel, notou um homem que a desnorteou. Foi, na verdade, nocauteada pela verdadeira paixão e pelo amor (o qual nunca sentira).

De trajes e hábitos simples, aquele ‘quarentão’ nem a notou. Confiante em suas curvas, ela o encarou firmemente. Ele, elegantemente, apenas perguntou: Algum problema? Ela, beirando a delinquência, disse que tinha que falar com ele. Com urgência. Qual o assunto?, indagou o sujeito magro de cabelos pretos e olhos claros. Desprevenida, argumentou que previa maus agouros e tinha de alertá-lo. “Não acredito nessas coisas. Mesmo assim obrigado por sua preocupação”, respondeu. “Por favor, eu lhe imploro”, apelou com parte dos fartos seios - fruto do silicone - à amostra. “Perdoe-me, mas estou atrasado”, esquivou-se o homem que, em questão de segundos, foi literalmente agarrado pela ‘beldade’.

 A cena, inusitada, chamou a atenção até do porteiro.

Ela, num ato que misturava atrevimento e coragem, apelou: “Vamos ao meu apartamento”. O desespero do momento fez com que seus olhos marejassem. Isso comoveu o sujeito de roupas simples, porém limpas e bem passadas. Subiram. As insinuações já começaram no elevador. Fechada à porta, em questão de segundos, ficou seminua para surpresa do visitante. “Possua-me. Quero ser sua. Você é diferente”, sussurrou. “Não sou diferente. Ao contrário: Sou indiferente a mulheres do seu tipo”, disparou. E também disparou da vida dela.

A partir daquele dia, ela desvalorizou o dinheiro. Chorou. Começou a ingerir remédios ansiolíticos. Largou tudo. Voltou a morar com os pais na modesta casa do bairro. A depressão aproveitou as frestas de sua frustração para entrar em cena.

Sentia-se patética. Impotente. Carente. Dormia muito. Comia pouco. Sua exuberante beleza de outrora se limitou a alguns quilos que fizeram com que aceitasse ir ao médico que, depois do diagnóstico, recomendou um psiquiatra. Devido a seu estado debilitado a internação foi necessária. A ambulância foi chamada e com ela o golpe fatal. O motorista do veículo era o homem simples do hotel. De salário acanhado. Pai dedicado de dois filhos que estudavam em uma escola pública e extremamente apaixonado e fiel pela esposa de trajes singelos e unhas malfeitas, devido ao trabalho de faxineira. Ele a amava. A residência da família era humilde. De madeira. Localizada em uma rua desprovida de calçamento. Para o condutor da viatura isso era irrelevante. O que importava era o verdadeiro amor que nutria pela esposa e filhos - que era reciproco. Por isso era feliz.

Ele não a reconheceu. Ela sim. E junto percebeu o que fizera de sua vida. Seu sistema imunológico estava fragilizado. Sua alma mais ainda. Queria morrer. Muitos meses, terapias e remédios depois teve alta hospitalar.

Hoje vive enclausurada em seu minúsculo quarto. Sai apenas uma vez por semana para ir à igreja. Apegou-se a uma religião. A solidão é sua companhia. Sua libido acabou aos 28 anos de idade.

“VENDE-SE CÃO MÚLTIPLA-RAÇA”

Vende-se pastor alemão, mãe americana, pai brasileiro, avô cearense e tia paraguaia. Ninhada de duas fêmeas e cinco machos (mas nem tanto). Já vão com pedigree, mas aceitam carne fresca também.  *Contatos com Hau Hau.

ARTIMANHAS DA FALSIDADE 

Muitas pessoas têm um dom aprimorado do tipo fingir que não vê. Fazem isso com maestria. Ninguém desconfia. Não se importa. E, muito menos, se preocupa com essa gente.   

“Muitos falsos detêm estrema inteligência na dissimulação e, com isso, conseguem aparentar que são tolos, mas de pueris só tem o jeito”. 

A DESGRAÇA ENCANTA 

Charles Nodier foi feliz ao afirmar, no livro Bertram, que “a desgraça é uma musa”. Perspicaz, o escritor francês, do século XIX, naquela época já observava que tudo fica ‘mais interessante e inspirador onde ou quando a desgraça estiver envolvida’. Desde, obviamente, que a desgraça seja alheia.    

CONSTATAÇÕES

-O homem conta à amante tudo que omite à esposa.

-Muitas mulheres não traem. Apenas buscam atenção que os maridos não lhe concedem.

-A probabilidade de uma mulher mudar a vida desregrada de um homem é infinitamente superior do que o homem modificar a conduta depravada de uma mulher.

-Uma das coisas mais inúteis e humilhantes é insistir na ilusão de se reconciliar com a parte que deixa explícito, de várias formas, que a paixão acabou.

-Inúmeros homens, quando se separam, voltam a morar na casa dos pais.

-A fantasia sexual, tanto do homem quanto da mulher, às vezes, pode revelar muita coisa.  

A VERDADE PARA MUITOS 

Tem um som, que eu até não curto muito, ‘Waking Up Inside My Own Paralsis’ do Funeral For a Friend, mas considero uma parte da letra muito interessante. 

Diz o seguinte: “A mentira é apenas uma verdade descoberta e ‘renunciada’. É uma questão deixada sem resposta para alimentar o fracasso das nossas escolhas”.  

Perfeito. Retrata a realidade de várias pessoas.

A VERDADE É ESSA

Paulo Guedes talvez não seja mais competente que Fernando Haddad. A questão é que ele tinha AUTONOMIA enquanto Haddad não tem. Na verdade, não deixam que tenha. 

Já o Alckmin é uma prova de quem afirma que vice é vice. Não manda nada.

FRASES QUE A VIDA NOS ENSINA

-Não crie esperanças. As esperanças criam expectativas. E as expectativas lhe tornam mais fraco.

-Quando surge a necessidade de provar a si mesmo é neste exato instante que convém permanecer em silêncio e afastar-se.

-Não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar.

-Concentre-se para onde você quer chegar e não no que você teme. 

-Coragem é a mais importante de todas as virtudes, pois sem coragem você não pode praticar nenhuma outra virtude consistente.

-Não se julgue pelo seu passado. Você não vive mais lá.

-Temos duas vidas. A segunda só começa quando percebemos que só temos uma.

“NA RIMA” 

Vai minha menina. Largue a cocaína e aquele traste que lhe domina. Minha garotinha, paixão ‘clandestina’. Lembra quando nos encontrávamos na barragem de Ernestina? A disputa entre a manteiga e a margarina. Você sempre foi minha heroína, mas o conheceu e caiu em ruína.   

E sua autoestima? De turbina virou tubaína. Mas, por favor, não desanima. Prometa nunca mais tomar estricnina. E nunca esqueça: Estou aqui e você ainda me contamina. É uma espécie de vitamina que me anima. 

PENSANDO BEM

Nem mesmo a Filosofia consegue me deixar tranquilo em um país onde, há muito tempo, o clima de permissividade e falta de responsabilidade é o que dita nossas vidas.

Acabamos nos acostumando a pensar que tudo está predeterminado. Que é assim que Deus queria, como uma maneira de fugir da responsabilidade de fazer escolhas.

O futuro não está escrito. E também não é uma questão divina. Nós é que o moldamos de acordo com nossos interesses.

Afinal, se as pessoas fossem boas ou más por vontade de Deus, qual seria a lógica de recompensá-las ou castigá-las?

DUTRA LEMBRANDO DA EX

Quando se tropeça nos próprios passos lembrando que cortado estão os laços e se findaram beijos e abraços. À mente vem seu rosto, em forma de traços. E para me livrar fumo cigarro, em maços, e a canha tomo em golaços. Fico tipo alguém perdido no espaço.

E quando sei que em seu coração não terei mais espaço sou tomado pela tristeza que junto traz o cansaço. Fico tal qual um bagaço.

Minha vida, depois que ela se foi a longos passos, se tornou um circo e fez de mim um triste palhaço. Grande foi o estardalhaço...

E COMO DISSE O ILUSTRE (o cafajeste)

Um cigarro após o sexo...E foi assim que ele deixou de fumar. 

HÁ DEZ ANOS

Desde o início do ano a Prefeita cobra R$ 3,5 mil para ceder o Parque de Exposições Rineu Gransotto para a realização das formaturas da Unoesc. Além disso, os responsáveis pelo evento têm que arcar com as despesas de água, luz, limpeza, seguranças, eventuais danos que acontecerem, entre outras taxas.

Penso que deveria ser o contrário. A administração municipal é que teria de repassar este valor aos formandos ou à universidade pela movimentação econômica que estes acontecimentos proporcionam ao município (salões de beleza, lojas onde os presentes são comprados, empresas que vendem e alugam roupas, hotéis, enfim, no ‘efeito dominó’, vários segmentos são beneficiados).

A justificativa do Executivo é de que os recursos seriam aplicados em melhorias no parque de exposições. Posso estar enganado, mas até agora não percebi nenhuma.

Em tempo: Quem arca com o valor é a Unoesc (R$ 2 mil) e a empresa contratada para a organização (R$ 1,5 mil).

O SOM

“Todo o vazio dentro de você é grande demais pra encher sem um senso de propósito. Tudo estava programado para falhar. Você não precisa fazer isso direito. Só mantenha sua cabeça erguida”. Parte da letra de ‘Round and Round’ – Imagine Dragons.