Em 2024, 2.237 escolas da educação básica no Brasil não tinham acesso a energia elétrica, apontam dados do Censo Escolar 2024, divulgados pelo Ministério da Educação. O índice representa apenas 1,2% de todas as 179,3 mil instituições de ensino. Entretanto, para especialistas, o número enfatiza problemáticas relacionadas a desigualdades digitais no ambiente escolar e pobreza energética.
Se comparado a 2020, quando 3.818 escolas não tinham eletricidade, o país registrou uma redução de 41% nos últimos 5 anos. Segundo o estudo, a maior parte das instituições estão em zonas rurais, principalmente na região Norte (2.046) e Nordeste (152) do Brasil.
O Amazonas lidera o ranking entre os estados com maior número de escolas sem acesso a energia, com 791. Na sequência, aparecem Pará (564), Acre (478) e Roraima (146).
Para a doutora em educação Adriana de Melo, o percentual não pode ser considerado apenas de forma estatística. A especialista entende que qualquer condição básica para os alunos terem um ambiente adequado e seguro para aprendizagem precisa ser considerado. Ela aponta que a falta de acesso a energia cria condições adversas que prejudicam o desempenho dos jovens.
“Se tivéssemos uma única escola no Brasil em que não há luz elétrica, isso já seria um dado importante e algo grave quando a gente pensa na consequência para o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. A falta de energia elétrica vai gerar diversas condições que vão, sim, ser prejudiciais não só para o rendimento acadêmico, mas principalmente para o que a gente diz de uma dignidade humana, de direitos iguais para todos”, disse Adriana.
A doutora em educação Catarina de Almeida pontua que é necessário atenção às instituições sem energia, observando outras variáveis desses locais, principalmente as relacionadas à infraestrutura, que também podem influenciar se o ensino dos alunos será prejudicado.
“É preciso olhar para essas escolas e pensar o que a gente precisa fazer, inclusive, para a energia chegar lá, mas não só a energia, todos os outros insumos necessários para garantir a qualidade da educação”, completou.